sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Ética e a Estética da Atividade de Relações Públicas

Qual a profissão que melhor se enquadra no perfil daqueles que desejam uma sociedade mais harmônica, mais humana, baseada em valores morais e respeito ao próximo? Será possível transmitir os valores de vida e os desejos com cidadão para dentro de uma atividade profissional?
Segundo Roberto Simões, em seu livro Função Política (1995), as respostas para estas indagações são positivas como revela através da afirmação:

A função e a atividade de Relações Públicas devem ser éticas e estéticas. Tudo o que é realizado pela organização, incluído o que está ligado ao profissional de Relações Públicas, deve sê-lo segundo os princípios da arte de bem viver (ética) que, em si própria, contem os princípios da filosofia da harmonia do comportamento (estética). (SIMÔES, 1995. p. 222).


A atividade de Relações Públicas tem por objetivo a legitimação das ações das organizações de interesse público. Dentro dos princípios da filosofia da harmonia, Simões demonstra que a legitimidade da ação e o discurso da organização estão embasados na ética. As ações organizacionais devem procurar conciliar interesses, e o discurso se dá nos instrumentos de comunicação e, principalmente, na negociação com os públicos. A legitimidade se torna real, quando estes dois aspectos da ética não sofrerem manipulação ou inverdades. O autor complementa nos dizendo que “a imagem de organização é, antes de tudo, construída pelo cumprimento de sua responsabilidade social, jamais, apenas por discursos alienantes” (2001, p. 41).
É ética a atividade de Relações Públicas? A atividade de Relações Públicas em si é ética, pois é útil para a sociedade, sendo assim, é fundamental ressaltar que ações não éticas são praticadas por pessoas que não trazem para a profissão seus valores e desejos como cidadãos. O profissional de Relações Públicas que não age com ética, ou seja, que não pratica seus valores dentro das organizações faz desmoronar todos os seus argumentos e conteúdo moral.
O profissional, também, é responsável pelo comportamento estético da atividade, já que ele adere a todo o campo de ação humana. Segunda Simões, “as Relações Públicas buscam a utopia de uma sociedade mais harmônica e ‘elegante’” (1995, p. 42). Quem constrói uma sociedade mais harmônica são as pessoas, então, depende, também, delas a função estética da atividade. Só o indivíduo pode fazer bem feito, pode ser estético.
Os fatores estéticos contribuem, para a existência humana. “O valor estético é regulador básico do comportamento e do pensamento humano, que afeta a postura emocional e volitiva do indivíduo frente ao seu meio”. (1995, p. 222). Somente o profissional que, desempenha a atividade baseado nos valores éticos e estéticos poderá colaborar com a legitimidade das organizações e aplicar de forma adequada às funções da atividade de Relações Públicas.
Em todo o processo, o desempenho das Relações Públicas, tanto na ação como no discurso deve ser coerente, lembrando-se sempre que sua finalidade, assim como a finalidade das organizações é social. Dentro de um processo onde o profissional de Relações Públicas, o desenvolvimento da atividade e a organização desenvolverem-se de forma moral, construir-se-á uma sociedade “elegante”, harmônica e embasada nos valores morais e no respeito ao próximo.
Sendo ética e estética a organização sabe que existe para servir a comunidade e jamais para explorá-la. A organização que age assim resolve ou evita conflitos, harmoniza os comportamentos e se destaca na comunidade que está inserida para si o apoio e o respeito dos públicos.
Utilizando um exemplo demonstrado por Simões (1995, p. 216) pode-se observar a atitude de uma organização fora dos princípios éticos:

Uma indústria altamente mecanizada, de capital multinacional, que exporta seu produto para o estrangeiro (com toda a produção de cinco anos já vendida); deposita seu capital em bancos não nacionais; pouco emprego oferece à comunidade e muita poluição lhe traz, em razão de despejo de gases no ar e resíduos químicos no rio. Aparentemente todas essas interferências negativas na vida da comunidade não parecem comprometer a ação da empresa, porque está assegurou mercado para seu produto, fornecimento de matéria-prima, capital de giro e de risco, reposição de peças e máquinas, leis que autorizem seu funcionamento. Da cidade, ela parece apenas ocupar um espaço físico. Este quadro, entretanto, não é tranqüilo, pois há um ponto de estrangulamento: o das leis, as quais serão acionadas no momento em que a agressão sistemática ao meio ambiente vier a desencadear, mais lenta ou rapidamente, uma reação coletiva da comunidade.


Esta organização, usada como exemplo por Simões, demonstra claramente o comportamento que não se espera de uma organização com princípios éticos e estéticos, assessorada por um profissional preocupado em legitimar a ação da organização da qual faz parte sem esquecer a finalidade desta, que é social. Ao contrário deste exemplo, a organização cujos atos estiverem orientados pela função estética, não medirá esforços para chegar ao reto agir. Tanto a organização como o profissional de Relações Públicas precisam agir de forma coesa com estes princípios, pois, só assim, caminharão em busca do ideal, da perfeição, da utopia de uma sociedade harmônica e “elegante” que é o que se espera da atividade de Relações Públicas.
Atualmente, vivemos em uma sociedade onde há repressão generalizada da criatividade e que é carente de sentimentos e atitudes generosas. Cabe a atividade de Relações Públicas, ao governo e as organizações, educar a consciência do homem para ter dimensões éticas e estéticas.
Cabe ao profissional de Relações Públicas, através das organizações, propagar os princípios éticos e estéticos a fim de alcançar a utópica sociedade almejada por aqueles que vivem a atividade baseados nos princípios morais e no respeito ao próximo.

Respondendo a pergunta inicial, a atividade de Relações Públicas sem dúvida é a profissão onde o indivíduo pode desenvolver seus valores, já que os princípios éticos e estéticos nutrem-se um do outro e a atividade nutre-se destes princípios.

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei politicamente correto, ficaria muito feliz se o nosso pais fosse tomado 100% desta linha de pensamento. ciao...prego...