sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Da Porto Alegre fino a Loppiano



Cheguei. Tudo certo. Melhor impossível. Minha companheira de vôo era proprio una italiana. Ma dai, sono fortunata perché ho cominciato a provare il mio italiano dell'aereo.

Passar em Lisboa, uma belezinha. Tutto a posto. É como estar em um aeroporto em casa. Publicidade do Banco do Brasil. Todas as placas escritas com a última flor do Lazio. Nenhum atraso. Perfeito. A Italiana seguiu no mesmo vôo fino a Roma.

Chegando em Roma, a brincadeira começou.

Dá pra acreditar que o carrinho do aeroporto em Roma tem que pagar? Dois euros. D O I S. Ccoloca-se uma moeda e o carrinho é liberado.

Tinha duas notas de 100 e uma de 50. Zanzei o aeroporto todo tentando uma ajuda pra trocar as notas até que uma santa criatura resolveu facilitar minha visa e me contou um grande segredo: tem uma máquina ao lado dos carrinhos que troca as notas. Muito moderno. Dei pra ela uma nota de 50 (as de 100 ela não quis, não devia estar com tanta fome) e ela me devolveu várias notinhas de 5 e moedinhas de euro. Com uma das moedinhas de 2, finalmente peguei, feliz, o meu carrinho.

Sim, porque com 64gk de bagagem era impossível sem carrinho. Eu já tava ficando nervosa quando descobri que era uma coisa tão fácil...

Passei pela Adogana. Super tranquilo, depois de tantas recomendações... até me admirei. O policial até fez graça e me desejou uma ótima estada além de elogiar meu italiano, aliás todos elogiam meu italiano, não acreditam che é la prima volta que vengo in italia. São todos queridos e simpáticos. Eu me ouço, so che non'è così buono.

Depois, fui tentar fazer uma chamada internacional. Avisar que cheguei, viva. Esqueci que eram dois zeros. O ordinário do telefone me comeu 3 euros sem completar a chamada e não devolveu as moedas. Tudo bem, na próxima ele me paga. Gastei 55 euros pra chegar a Grottaferrata. 50 pra senhora que me trouxe, 2 pelo carrinho e 3 no orelhão mangiatore di moneta. Liguei porque fiquei tensa. Não tinha ninguém me esperando. Mas depois respirei fundo e esperei, a senhora que foi me buscar logo chegou. Fiquei tensa e gastei 3 euros a toa. Bobalhona.

Fui pra Grottaferratta, a região dos castelos de Roma. Sabe aquelas ruelinhas dos filmes? Lindo... Mas castelo mesmo não vi nenhum. A senhora me explicou que eles ficam mais longe. Põe longe nisso...

Depois, lendo as placas, me dei conta que é a Região do Lazio. Aquela do poema do Olavo Bilac e a última flor bela e inculta.. Fiquei pensando que a nossa língua nasceu por aqui. E veja onde ela foi parar. Olha o que os portugueses fizeram com ela...

Já cheguei em clima de festa. Daiana, uma brasileira que eu já conhecia e mora aqui há um ano, estava de aniversário. A Iolanda me disse pra dizer a ela que eu era o presente enviado de Porto Alegre. Depois que ela abriu os outros presentes não é que eu disse mesmo. Parece que ela gostou.

Mais tarde quem ganhou o presente fui eu: o melhor gelato di pistacchio che già ho preso. Impressionante como sorvete italiano é bom. Nossa. Sem falar na recepção. Foi como chegar em casa.

Uma coisa que me impressionou já na chegada: a mistura de cultura. Nesta festa pra Daiana haviam representantes de outras nações: Filipinas, Hungria, Brasil, Itália.

No almoço do dia seguinte, no apartamento da Daiana, Atle e Andi éramos 7 gurias e 5 nações: Brasil, Hungria, Filipinas, China, Twaian e Algéria. E o jantar, festivo em comemoração ao fim do Ramadás, porque a algeriana é muçulmana. E ela provou meu chimarrão. Tomou até a cuia roncar. E repetiu.

Fiz umas boas caminhadas por Grottaferrata. Fui a missa. Non ho capito niente. O padre fala muito rápido, meio pra dentro. Só entendia quando ele dizia: Nel nome del Padre e del Figlio e dello Spirito Santo, amen.

As gurias me receberam de um modo tão especial que nem me dei conta que estava tão longe de casa. Na última noite me levaram pra ver um show na praça. Chegando lá encontramos uns amigos e um deles era uruguaio. Portava o seu Tererê. Não acredito que tive que atravessar o Atlântico pra experimentar o famoso Tererê. E não é que é bom?

E falei tanto no tal gelato que me levaram a uma gelateria artesanale. Nossa. Fiquei doidona. Era tanto sabor que eu não consguia escolher. Cada nome. A senhora da gelateria era veramente simpática e paciente. Porque eu fiz una vera bagunça ali... Minha mãe teria dito: filhaaaaa, te comporta.

Novos amigos, um mais simpático que o outro. Noite agradável. Sentada no meio fio, tomando um sorvete. È stata una bella serata. Na manhã seguinte parti para Sophia. Sou tão sortuda que uma senhora, Gabri, estava em Grottaferrata de carro e iria pra Loppiano no mesmo dia que eu. Eita!

Cheguei em Loppiano um pouco antes das 11h. Como sempre fui muito bem recebida. É como chegar na casa de um parente que não te vê a tempo, mas tem carinho por ti.

No caminho, plantações de oliva, uvas, girassóis e meu velho conhecido fumo. Eu o reconheci da estrada. Tá com flores, me deu saudade...

Fui recebida por Samar, da Jordânia. Está aqui há um ano. É minha veterana. E pouco depois conheci Lia, do Paraquai. Seremos colegas de classe.

Moraremos em sete gurias em um amplo e aconchegante apartamento. O tamanho da mesa da cozinha deixaria com qualquer nonna orgulhosa. Não sei quantas pessoas podem sentar-se. É imensa.

Pelo que vi de Loppiano na chegada e da janela do meu quarto, é menor, muito menor que Sinimbú. Talvez um pouco maior que a Redenção. Amanhã descubro. Mas hoje já descobri que tem muitos bichinhos que gostam de picar. Não sei se são mosquitos. Devem ser. To virada em bolotas.

Mas em compensação Samar é uma excelente cozinheira. O jantar, com a presença de 4 nações: Jordânia com Samar, Paraguai com Lia (que também trouxe Tererê e ficou feliz da vida com meu chimarrão), Itália com Tomazzo e Brasil comigo, rendeu muito papo.

O incrível é que todas essas pessoas, de tantos países diferentes parlano italiano. Amanhã chegam Uruguai, Filipinas, Brasil e tantos outros...

Por enquanto estamos sem compromissos. Com tempo pra arrumar as coisas, habituar-se ao ambiente, conhecer a casa e umas as outras. Segunda-feira começam as aulas de italiano.

Buonanotte!

p.s. 1 meu chimarrão não fica tão bom com a água daqui. Não faz aquela espuminha de chimarrão novo. Parece sempre lavado.
p.s. 2 comprei um hidratante. Se no Brasil usava uma ou duas vez por inverno quando a consciência pesava e achava que tinha que dar uma mão pra natureza, aqui tenho que passar sempre que saio do banho. Acho que vou tomar menos banho...
p.s. 3 não gostei da água. Não vejo a hora de não perceber mais o sabor.

3 comentários:

Fabi disse...

Uruguaio toma mate... tererê é no Paraguai, Ragazza!

besos.

PS: quero ir embora tbbbbb!!!!!!!

Unknown disse...

ah pois é Fabi, eu sei. Mas o guri é uruguaio e toma tererê o que eu posso fazer? O nome disso é globalização hahahahahah (depois uma outra uruguaia me disse que ele morou lá vários anos).

carlagnb disse...

avrai tante belle giornate come questa!
auguri per tutto.